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terça-feira, 23 de março de 2010

Uma Linda Homenágem: Do Blog "O MESSIENSE"

A TRISTE DOR DA PARTIDA

Por: Alcimar Antonio de Souza

Evento absolutamente previsível, a morte é um tema sobre o qual não gostamos de falar, por razões que nos parecem óbvias demais. Mas, volta e meia, ela nos faz lembrar que ela existe e que, diante disso, nada somos, ou que somos de uma pequenez impressionante. Diante da morte, somos todos iguais, como o somos diante de Deus, fonte de vida em toda a terra.

E é esse evento tão temido (morte) que, vez por outra, faz-nos lembrar de falarmos sobre alguém muito especial, cuja existência material na terra foi encerrada por ela, a morte. Não seguimos o bordão popular segundo o qual “quer ser bom, morra!”. Não é isso, mas temos o entendimento de que, enquanto certa pessoa vive, não temos a necessidade de externar publicamente o quanto gostamos dela. É suficiente que ela saiba disso.

Neste dia 22 de março, saí de mais uma dessas audiências para as quais o ofício me empurra, e fui informado, por via telefônica, que um grande amigo havia partido.

A vontade de chorar ficou engasgada o dia inteiro, mas só agora à noitinha, longe de tudo, ela apareceu. Para cumprir compromissos, trabalhei durante o dia, a duras penas, sempre com a lembrança voltada para o lastimável acontecimento.

Sem atualizar este espaço desde o dia 20, havia pensado, hoje cedo, em o fazer quando caísse a noite, como geralmente o faço. A triste notícia, porém, levou de mim qualquer tico de inspiração para falar sobre qualquer outra coisa. Pensei então em associar a minha tristeza à possibilidade de prestar uma modesta homenagem a uma pessoa tão nobre, de conduta moral e social tão ilibida, tão boa, tão correta...

Hoje pela manhã, após ser submetido a uma cirurgia de transplante de um órgão vital, veio a óbito em Fortaleza, no vizinho Estado do Ceará, o amigo Jaime Filho, ou simplesmente “Jaiminho”, como era mais conhecido.

Natural de Almino Afonso, de onde também vem a sua família, Jaiminho era casado com Vera Lúcia Rocha de Andrade, que vem a ser tia-irmã de Elizângela, minha esposa e com quem gerou as filhas – lindas, que se diga – Luana e Letícia.

Não tenho laços consaguíneos com Jaiminho, mas alguns anos de vida com muitos momentos compartilhados me fizeram colocar tal pessoa num lugar apropriado em meu coração. Tornou-se um amigo, um valoroso amigo. E assim o foi não apenas para mim, mas para todos os que com ele puderam conviver, mesmo que por curtos – mas intercalados – espaços de tempo.

Eu e a minha família, que se misturava à dele, estivemos na sua casa inúmeras vezes. O seu sorriso, sempre aberto, era mais que uma boa acolhida; significava que as portas do seu lar, de muita decência, estavam sempre abertas para nos receber, como recebia a todos que ali chegavam.

Tranqüilo e de jeito sereno, Jaiminho nos acolhia com muita alegria, como alegre ele sempre foi, mesmo quando se descobriu doente há alguns anos, quando então passou a se submeter a intenso e doloroso tratamento.

Vibramos quando ele fez a primeira cirurgia. Vibramos com a sua recuperação. Tudo parecia bem. A vida de Jaime Filho voltava ao normal. O trabalho, valor social sempre elevado na mente de Jaiminho, já o convidada ao retorno. E ele ensaiava os primeiros passos de volta à atividade laboral, agora trabalhando com sua esposa, de forma autônoma.

Infelizmente, porém, um problema que parecia resolvido, reapareceu. O problema mudou de órgão, mas não de pessoa. Jaiminho novamente estava às voltas com médicos, exames, tensão, cuidados...

Medo, se ele sentiu, não o expressou para a sua família nem para nós. Foi de uma fortaleza que pouco vi em pessoas doentes naquele estágio. Dizia ter muita fé em Deus. Cristão-católico fervoroso, apegou-se à sua fé em Deus até o último instante. Para a segunda e última cirurgia, entrou tranqüilo, sempre conduzindo uma fé indescritível. O destino, todavia, tirou-lhe a vida poucas horas após aquele que parecia ter sido um bem-sucedido procedimento cirúrgico de transplante de órgão.

Nessas horas, sentimo-nos impotentes, pois quase nada podemos ofertar à família enlutada, cuja dor parece infinda. Resta-me, então, dar apenas esse testemunho de Jaiminho: pessoa boa, excelente pai, excelente marido, excelente filho, trabalhador sem igual; homem cumpridor dos seus deveres sociais e familiares.

Nesse momento, choram seus pais, irmãos, esposa, filhas, sobrinhos, e também choramos todos nós que, mesmo sem ser família de sangue, sentimo-nos como família afetiva, pela grandeza e pela sinceridade da amizade que nos uniu a Jaiminho.

Se muitos dos poucos leitores deste espaço não puderam conhecer Jaime Filho, saibam apenas que se tratava de uma pessoa maravilhosa, de qualidades que podem até ser atingidas por igual, jamais superadas.

Descanse em paz, grande amigo!

Um comentário:

  1. FIQUEI MUITO FELIZ PELA HOMENAGEM FEITA POR ALCIMAR EM SEU BLOG O MESSIENSE AO MEU CUNHADO, AMIGO E COMPADRE JAIMINHO E PELO OLHAR CRÍTICO TAMBÉM TER DADO OPORTUNIDADE PARA QUE AS PESSOAS CONHEÇAM UM POUCO DA HISTÓRIA DE UM HOMEM TÃO HUMILDE QUE LUTOU ATÉ OS ÚLTIMOS MOMENTOS PELA VIDA E DEIXA MINHA IRMÃ, MINHAS SOBRINHAS, FAMILIARES E AMIGOS COM UMA SAUDADE QUE EU NÃO CONSIGO EXPLICAR NESSAS PALAVRAS. EM NOME DE VERA, LETÍCIA E LUANA, EU AGRADEÇO: MUITO OBRIGADO. ASS: GLÓRIA

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