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quinta-feira, 23 de junho de 2011

DO JORNAL DE FATO

MORRE ESCULTOR DO SANTUÁRIO DO LIMA



Patu - Morreu às 18h desta terça-feira, vítima de câncer no esôfago, o artesão pernambucano José Trajano Alves, conhecido por "Pernambuco", de 68 anos, que lapidou em pedras e construiu o arco de acesso e as principais peças sacras do Santuário Nossa Senhora dos Impossíveis, na região serrana de Patu, durante a década de 60. Pernambuco também lapidou pedras e montou altares de igrejas, praças, entre outras obras na região.

Segundo o artista plástico Ricardo Veriano, Pernambuco vinha enfrentando o câncer havia seis meses. No final da tarde de terça-feira, depois de uma recaída, os médicos decidiram transferi-lo para um hospital de Mossoró, mas ele não resistiu à viagem. O sepultamento aconteceu às 16h30 de ontem no Cemitério Público de Patu, com grande acompanhamento popular.

O artesão e escultor chegou ao município de Patu, junto com vários outros artistas, trazidos pelo padre Henrique Sptz, no início da década de sessenta, especificamente para projetar e construir o Santuário do Lima. Em Patu, por intermédio do padre Henrique, Pernambuco casou com a camponesa Maria, com quem teve dois filhos. Esse casamento não durou muito e Maria foi embora com os filhos para João Pessoa (PB). Pernambuco ficou em Patu.

"Era uma paixão muito grande pelo que fazia, pelas pessoas que o Pepê sentia...", explica a professora Maria Celi Suassuna, que o conhecia desde a década de setenta, acrescentando que o artista não trabalhava por dinheiro e sim por paixão à arte, à religião e ao povo. "Quando eu era secretário de cultura, incluí a obra dele em vários logradouros públicos, como praças, ruas e o cemitério", conta Ricardo Veriano, mostrando a praça toda construída em pedras lapidadas e formando desenhos que retratam o povo, a região.

Segundo Ricardo Veriano, Pernambuco passou a viver sozinho, depois que se separou da mulher. "Ele não queria mais envolvimento com mulheres e ninguém, que fique bem claro." O artesão e escultor vivia sozinho numa pequena casa de dois cômodos, em frente à Câmara Municipal e a uma praça que ele decorou em pedras ornamentais. Alimentava-se na casa de uma vizinha e, às vezes, tomava sopa à noite num pequeno restaurante próximo.

HUMOR

Em contato com a reportagem do DE FATO, a professora Maria Celi Suassuna e o artista plástico Ricardo Veriano disseram que Pernambuco era a alegria da população. "Ele contava piadas, brincava com as crianças, fazia todos rirem. Era difícil ficar perto dele sem ser contagiado pela sua alegria", diz Maria Celi. "Ele deixou um grande patrimônio imaterial (em suas obras), é um exemplo clássico do artista que dá uma grande contribuição à arte, à cultura da região", destaca Ricardo Veriano.

Prefeita diz que vai preparar homenagem ao artista

A prefeita Evilásia Gildênia esteve no velório de José Trajano Alves, "Pernambuco", no final da manhã de ontem, e confirmou que vai discutir uma maneira de homenagear o artista. A professora Maria Celi Suassuna sugeriu tombar as obras do artista, para que estas no futuro não sejam destruídas por algum administrador desavisado.

Em vida, Pernambuco foi homenageado várias vezes pelos vereadores de várias cidades da região. Recebeu troféus e comendas, mas segundo Ricardo Veriano, não fez patrimônio financeiro.

"Apesar da beleza e da grandeza da arte de Pernambuco, ele não cobrava. O cidadão pagava a ele o que achava que valia", revela. Não fez patrimônio. Ontem, em seu velório, ao lado do caixão, havia as poucas ferramentas que usava para lapidar pedras. "Isto é a herança que deixou", diz.

Veriano disse que quando era secretário de Cultura de Patu o levou várias vezes para expor sua obra em outras cidades. "Ele foi comigo para Brasília, Natal e Mossoró", revela. Veriano concorda com a ideia de Maria Celi Suassuna para tombar as obras do artista, não só no Santuário do Lima, mas também as que foram construídas na cidade, nas residências e nos municípios vizinhos. "Ele merece uma homenagem pela simplicidade, pela alegria com que vivia, mesmo sendo sozinho", destaca Evilásia.

(Fonte: http://www.defato.com/)
Via o Messiense

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